Adoração - Myrtes Matias



Voltar no tempo e no espaço, 
viver na Galiléia, 
rever, cena por cena, a vida de um Deus. 
  
Acompanhar a estrela 
para presenciar o estranho Milagre 
de Deus aprisionando Sua onipotência 
num corpo de Criança. 
  
Acompanhar este “Senhor de quanto existe” 
fugindo para a terra da servidão. 
  
Vê-lO, bem mais tarde, 
levantar do vício e do crime 
o publicano e a meretriz. 
  
Ouvir a voz suave: 
“Vinde e aprendei de Mim, 
que sou manso e humilde...” 
Manso e humilde... 
Tão humilde que se ajoelha no Getsêmane 
para chorar a degradação da própria imagem. 
Tão manso que caminha para o Gólgota, 
sob a cruz, sem uma queixa. 
  
Emudecer de espanto ao ver este Deus-sem-lugar 
ser suspenso entre o céu e a terra, 
que não teve um berço para nascer, 
“uma pedra para reclinar a cabeça”, 
maldito sobre uma cruz. 
  
Ouvir este Deus, 
coberto de dor e vergonha, 
prometer o paraíso e oferecer perdão. 
Perdão... 
  
Seu evangelho, Seu ensino, 
Sua última palavra 
até que o “Tudo está consumado” 
alcançasse o céu 
e as trevas cobrissem a terra. 
  
Caminhar até o sepulcro 
e encontrá-lo vazio. 
Deixar Jerusalém e subir ao monte 
para ver abrirem-se os céus e 
cair de joelhos. 
Porque todos os joelhos se curvam, 
todos os lábios se calam, 
para ouvir em prece: 
“Este JESUS há de voltar um dia...” 
  
Myrtes Matias  

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